No dia 31 de outubro comemoramos os 500 anos da Reforma iniciada por Martin Lutero e que se expandiu para além da Alemanha e das Igrejas evangélicas. As ideias de Reforma (que já vinham bem antes de Lutero) alcançaram o Reino Unido e até mesmo a Igreja Católica promovendo importantes mudanças. Oxigenando o Cristianismo. Foram, sim, uma primavera para a Igreja. Podemos, por isso, dizer que a Reforma de então, não é hoje somente protestante, ela é de todos/as os/as Cristãos/ãs.
Lutero sempre esteve muito preocupado em que o povo simples lesse as Escrituras Sagradas e a compreendessem, podendo dessa forma, extrair delas inspiração para a vida e, assim, pudessem enfrentar as tormentas do cotidiano. Em sua tradução da Bíblia esteve preocupado em ser fiel não somente ao texto original grego, mas também aos/às seus/suas leitores/as. Queria que a dona de casa, o homem no mercado, as crianças entendessem o texto sagrado em sua própria linguagem. Queria estimular o livre exame da Palavra de Deus.
Não julgo, entretanto, que Lutero estivesse sancionando com isso uma espécie de “exame livre” ou arbitrário das Escrituras Sagradas. Se por um lado ele afirmou que todo fiel poderia acessar ao texto bíblico sem o aval do magistério da Igreja, não estava sugerindo, com isso que qualquer pessoa pudesse tirar conclusões descontextualizadas do que estava lendo.
Além de escrever comentários sobre os livros da Escritura Sagrada e Catecismos para povo, ele também instituiu um critério para leitura e interpretação da Bíblia: no seu entender, todo fiel deveria ler a Palavra de Deus em sua totalidade e procurar sempre encontrar na base desta leitura Cristo, a verdadeira Palavra de Deus. Isso seria (e continuará sendo) sempre um antídoto contra os fundamentalismos. Contra uma leitura legalista e impiedosa das Escrituras Sagradas.
Ler a Palavra de Deus procurando nela encontrar Cristo, e encontrando-o, espelhar nele sua vida é uma ótima maneira de continuar sendo evangélico, no melhor sentido da palavra. E isto vale não somente para os protestantes, mas para todas as pessoas de boa vontade. Pessoas que desejam andar na busca e na prática da justiça e da misericórdia. Sejam elas cristãs ou não.
Assim, uma Igreja reformada, estará sempre se reformando.